Após tomada de aeroporto, maior avião do mundo, Antonov An-225, está nas mãos dos russos

Antonov AN-225, maior avião do mundo foi capturado pelos Russos


 

O Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia confirmou nesta quinta-feira (24) que as forças militares da Rússia atacaram e tomaram o aeroporto Antonov, importante centro aeronáutico do país localizado em Gostomel, a 40 km de Kiev. Neste aeroporto, encontra-se atualmente o Antonov An-225 Mriya, o maior avião do mundo.

O medo foi, diante de cenas de disparos de helicóptero, que o avião fosse ser destruído. Mas não parece ser o caso. Segundo Dmitry Antonov, piloto-chefe da Antonov Airlines, empresa responsável pela operação do An-225, a aeronave está intacta, embora o controle dela já não esteja nas mãos dos ucranianos.

“Tudo se encaixou”, disse o piloto, por meio de sua conta no Facebook. “As tropas russas estavam perto de Kiev e o aeroporto de Gostomel agora está com as russas. Pelo lado positivo, o Mriya está inteiro. Nós nos mantemos firme e glória à Ucrânia”.

Segundo informações do aplicativo Radarbox, que registra voos diários no mundo, sua última viagem se deu em 5 de fevereiro, saindo de Billund, centro da Dinamarca, para Gostomel.

Programa espacial frustrado

Construído em dezembro de 1988, o Antonov An-225 teve apenas uma unidade produzida até hoje.

De acordo com o governo ucraniano, o exército da Rússia tomou o aeroporto com helicópteros de ataque ainda nesta madrugada. Atualmente, o local é a sede de operações de teste da Antonov, maior fábrica de aviões da Ucrânia. Criada em 1946, ela é um dos resquícios da herança soviética no país, tendo sido criada pelo construtor de aviões russo Oleg Antonov.

“Eles [do exército da Rússia] nos permitiram entrar e estar com eles enquanto defendem o perímetro desta base aérea, onde as tropas transportadas por helicópteros desembarcaram nas primeiras horas da manhã para executar uma ponte aérea para permitir a chegada de mais tropas dentro”, explica o repórter Matthew Chance, da CNN.

A Antonov Airlines é uma estatal ucraniana que, além de voos de passageiros e carga convencionais, presta serviços com o Mriya. O que será o destino do avião está, perdão o trocadilho, no ar. O risco não acabou: um possível ataque da Otan ao aeroporto, que está já sendo usado por aeronaves militares russas, ou uma (improvável) retomada Ucraniana podem ainda destruí-lo.

Ou os russos podem até mesmo decidir confiscá-lo, alegando que pertence à agência espacial russa, a Roscosmos, herdeira do programa espacial soviético. 

Avião já veio ao Brasil duas vezes

Isso porque o Antonov An-225 foi construído como parte do programa espacial soviético. Foi encomendado para transportar o Buran, um projeto de ônibus espacial da União Soviética, que nunca chegou a decolar com tripulação. O avião foi feito na Ucrânia, e o veículo espacial, na Rússia, em Korolyov, perto de Moscou.

Seu único voo foi em 1988, partindo do Cazaquistão. Mais missões não tripuladas estavam previstas a partir de 1991, e o primeiro voo com cosmonautas seria em 1994.

A URSS caiu antes disso, no natal de 1991. Depois da queda, o programa Buran ficou sem fundos e foi cancelado pelo presidente russo Boris Yeltsin em 1993. O An-225 acabou abandonado por vários anos. Até que a Ucrânia o recuperou para transportar cargas de grandes proporções. Era prevista a construção de uma segunda unidade do avião em 2006, mas ela foi abandonada três anos depois.

O Antonov An-225 já veio ao Brasil duas vezes. Em 2010, ele foi contratado pela empresa britânica Chapman Freeborn, a serviço da Petrobras, e pousou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), decolando em seguida a Santiago (Chile). Seis anos depois, além de Guarulhos, a aeronave chegou a passar pelo Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). O Antonov An-225 tem 84 metros de comprimento, 88 metros de envergadura e 175 toneladas sem carga, podendo transportar 250 toneladas no compartimento de cargas. O gigante conta com seis motores turbofans Ivchenko-Progress D-187 e possui velocidade máxima de 850 km/h.

Imagem: Antonov Beltyukov/Wikimedia/CC

Fonte: Olhar Digital

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